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terça-feira, 1 de dezembro de 2020

Carla Menegaz, sobre a Consciência Negra...

 Nunca sofri racismo por causa da cor da minha  pele , afinal,  é um tom morena "aceitável". 

Pelo meu  cabelo mais crespo ,  sim, senti muita pressão social,  mas era só fazer um escova bem "puxada" ,  uma alisada química de vez em quando,  ahhh... , maquiar bem o rosto,  afinar este nariz um pouco e pronto.   Serei aceita !

Mas sinto  medo pelo meu sobrinho negro ,  sinto medo pelos meus irmãos e amigos negros.  

São alvo permanente do racismo de brancos que se acham muito boa gente, se acham os legítimos civilizadores, os  "donos" do mundo. 

A branquitude com seus privilégios segue confortável no seu ofurô de cocô, não sai do quentinho da merda que é o racismo.  Não reconhece a atrocidade que é uma sociedade que hj é fruto de um colonialismo escravocrata .  Nega o racismo estrutural,  nega o racismo nos padrões de beleza,  nas relações afetivas.

Branquitude sem empatia.  Branquitude preguiçosa e ignorante. 

Tranquila na sua caridade hipócrita,   para mostrar:  olha, todos somos iguais, compartilhamos  as migalhas com o irmãozinhos desfavorecidos, veja a alegria deles !

Branquitude perversa em seu discurso de meritocracia e basta querer...  Negando a violência que foi escravidão e seu impacto ao longo da história.

Negando o projeto de Estado para branquear o Brasil,  ao excluir  indígenas e negros do acesso aos direitos sociais, educação,  moradia digna. 

Negando,  inviabilizando a história do povo negro e indígena neste país.

Menosprezando tudo que viesse da cultura africana e indígena.  

Agarrada ao mito da democracia racial,  segue negando o racismo no Brasil .

Segue repetindo falácias cretinas, piadas grotescas, violências sutis e escancaradas . 

Entre risos, entre tiros, entre socos e chute na cabeça... assim , sem querer, afinal somos todos iguais e no Brasil  não existe racismo, tenho até uma empregada negra que trato como se fosse da família.   

 


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